Wife of a Spy deve ser o melhor filme do experiente e multifacetado diretor japonês Kiyoshi Kurosawa desde o fodão Tokyo Sonata - apesar de que amamos o penúltimo filme dele “O fim da Viagem, o começo de Tudo”.
Sendo o primeiro filme de época do diretor, a história se concentra na vida de um casal cosmopolita que vê o Japão se aliando às forças do eixo e se transformando em um império fascista pré segunda grande guerra. O governo imperial japonês começa a impor censuras, a vigiar os cidadãos, a caçar “traidores”, e até faz um decreto sobre que tipos de roupa são aceitas no país - nada de usar roupas “ocidentais”.
Em uma visita a Manchuria, o nosso protagonista se depara com as atrocidades que estavam sendo realizadas pelo exército Japones na população da colônia, e se vê na obrigação de fazer algo.
Baseado em fatos reais, o filme é um thriller noir muito bem construído, com reviravoltas surpreendentes, e uma direção impecável - não à toa, levou o prêmio de melhor direção no festival de Veneza de 2020. Com um toque teatral que passa uma ingenuidade apaixonante, um romance cativante e cheio de mistérios, e uma iluminação fosca que cria uma ambientação elegante e tensa, o suspense cresce a cada minuto, culminando em uma cena final de extrema beleza e impacto. Uma boa oportunidade para conhecermos melhor o Japão da segunda guerra, e de como o fascismo foi tomando conta do país do sol nascente.
A Mulher de um Espião
Direção: Kiyoshi Kurosawa
Roteiro: Ryûsuke Hamaguchi, Kiyoshi Kurosawa e Tadashi Nohara
Japão - 2020 - 1h 55min
Avaliação:
4/5
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