Andrei Tarkovski é um dos cineastas mais aclamados da história do cinema. Não à toa, batemos o recorde de público em uma única edição do cineclube: 135 participantes. Tarkovski é também um dos cineastas mais estudados. São mais de 30 mil livros e artigos publicados que analisam sua obra. Um gigante em todos aspectos, mesmo tendo realizado "apenas" 7 longas ( como previsto em uma seção espírita pelo espírito do escritor Boris Pasternak, que o alertou: "você fará 7 filmes, mas 7 filmes muito bons").
Na 1ª Aula, dei um panorama do contexto histórico, político e cinematográfico da União Soviética. Estudamos o Cinema Soviético, o Realismo Socialista e a Nouvelle Vague Soviética, no período do Degelo pós Stalin, quando Tarkovski lança seu primeiro longa, A Infância de Ivan, que analisamos logo após a contextualização histórica.
Na 2ª Aula, apresentei a teoria de Dmitri Salinski, que identificou na obra de Tarkovski uma macro estrutura que se repete em todos seus filmes. Salinski identificou 3 tipos de linguagens simbólicas: a dos elementos naturais, a topológica e a local. Estudamos as três linguagens, exemplificando a teoria através dos filmes. Depois, analisamos Solaris, sua relação com o livro, o que Tarkovski manteve do livro e o que ele não manteve, para assim entender o que há de Tarkovskiano em Solaris.
Na 3ª Aula, dedicada ao filme O Espelho, adentramos na grande teoria cinematográfica proposta por Tarkovski, a ideia de Esculpir o Tempo. Estudamos o conceito e como ele se manifesta no filme O Espelho. Para Tarkovski, o ritmo é o elemento principal do fazer cinematográfico. E o ritmo é dado não na montagem, mas dentro de cada plano. Cada plano já vem com um tempo impresso. A tarefa do cineasta é ir montando os planos de acordo com o ritmo já impresso em cada plano. Algo semelhante à música, diz Tarkovski, onde é preciso ter uma boa intuição para ir articulando os planos, assim como é preciso ter um bom ouvido para retirar as notas falsas. Depois de analisarmos o conceito, apresentei o filme e a biografia de Tarkovski, onde pudemos entender o que de fato no filme é autobiográfico.
A 4ª aula foi focada em destrinchar os efeitos do plano longo, uma das principais características estilísticas de Tarkovski. Para exemplificar, usei o filme Stalker. No filme, Tarkovski utiliza o plano longo para criar um efeito de surpresa e de oniricidade, que evoque os efeitos de deformação espacial e temporal da Zona. Analisamos o filme em conjugação com as análises dos planos longos.
Após todas as aulas, mais de uma hora de debate com os participantes, tendo minha mediação.
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