A oferta de filmes da 45ª Mostra Internacional de Cinemas de São Paulo está riquíssima. Com tanta coisa boa na programação, fica difícil definir quais filmes assistir. Uma estratégia que costumo seguir é a de dar prioridade aos filmes que, provavelmente, não chegarão ao circuito. Sendo assim, preparei essa lista aqui, com dez filmes que, imagino eu, valerão à pena cada segundo e real investido.
Vamos a lista:
A Chiara, de Jonas Carpignano
Último filme da trilogia da Calabria, do jovem e talentoso cineasta italiano Jonas Carpignano, é a história de amadurecimento de Chiara, filha de um poderoso mafioso. Se você não assistiu aos outros filmes que compõe a trilogia, não se preocupe. O que faz dos três filmes um tríptico não é a continuidade de uma mesma história dividida em três partes, mas sim a região da Calábria e as relações sociais que ali se estabelecem.
Sinopse: A família Guerrasio e seus amigos se reúnem para comemorar o aniversário de 18 anos da filha mais velha de Claudio e Carmela. Há uma rivalidade saudável entre a aniversariante e sua irmã Chiara, de 16, enquanto as duas competem na pista de dança. Esse é um momento em que a família está unida e feliz. Porém, tudo muda no dia seguinte, quando Claudio desaparece. Chiara tenta entender o que aconteceu com o pai e, à medida que se aproxima da verdade, ela se vê forçada a decidir que tipo de futuro deseja a si mesma.
Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
A Vingança é minha, Todos os Outros Pagam em Dinheiro, de Edwin
Você precisa conhecer Edwin, diretor que é constantemente comparado a Quentin Tarantino. Não há melhor oportunidade para tal do que assistir ao seu último filme na Mostra deste ano.
Sinopse: Ajo Kawir é um lutador que não teme nada, nem mesmo a morte. Sua fúria em lutar é impulsionada por um segredo: a impotência. Quando seu caminho cruza com o de uma lutadora chamada Iteung, Ajo é espancado de maneira humilhante. E, então, ele se apaixona. Mas será que essa escolha o fará ter uma vida feliz com Iteung e, eventualmente, encontrar sua própria paz de espírito?
Vencedor do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno.
Întregalde, de Radu Muntean
Esse eu já assisti. Acredite: Întregalde é uma experiência singular. Flertando com diversos gêneros, mas sem se comprometer com nenhum, ficamos à deriva, assim como seus personagens.
Sinopse: Maria, Dan e Ilinca realizam sua habitual viagem humanitária de fim de ano, dirigindo um SUV pelas estradas de terra nas montanhas da vila romena de Întregalde. No caminho, acabam ajudando um velho solitário a chegar à serraria onde ele supostamente trabalha. Porém, o carro fica preso em uma vala no meio da floresta e eles descobrem que a serraria está abandonada. Forçados a passar a noite com esse homem senil, a noção dos três sobre empatia e caridade será seriamente questionada.
Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, no Festival de Toronto e no Festival de Nova York.
Espírito Sagrado, de Cherma García Ibarra
Dizem por aí que o novo filme de Cherma Garcia Ibarra tem um dos plot twists mais insanos de 2021. Não vai dar mole de perder, né?
Sinopse: Enquanto uma investigação sobre o misterioso desaparecimento de uma menina abala a comunidade local, José Manuel mantém seu cotidiano de modo inalterado. Ele trabalha em seu modesto bar, cuida da mãe e participa das reuniões semanais da associação de ufologia Ovni-Levante, onde troca informações sobre mensagens extraterrestres e abduções alienígenas com o resto de seus devotos membros. Com a inesperada morte do líder desse grupo, José Manuel passa a ser a única pessoa que conhece o segredo cósmico que pode mudar por completo o futuro da humanidade.
Recebeu a menção especial da mostra competitiva no Festival de Locarno.
Ao Cair do Sol, de Michel Franco
Michel Franco é um diretor visceral. Seus filmes bagunçam com a cabeça do espectador. Vide seu penúltimo filme, o violento e impactante Nueva Orden, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza 2020. Agora, na Mostra de São Paulo, você tem a chance de acompanhar Tim Roth no papel do protagonista do mais recente filme de Michel Franco.
Sinopse: Quando uma emergência interrompe as férias da rica família Bennett em Acapulco, no México, e os convoca de volta ao Reino Unido, as tensões latentes entre os descendentes Alice e Neil aumentam consideravelmente. O delicado equilíbrio da família, aparentemente unida, é perturbado de maneira irrevogável.
Exibido nos Festivais de Veneza e Toronto.
Bruno Reidal, Confissões de um assassino, de Vincent Le Port
A crítica francesa recebeu muito bem o filme sobre o assassino Bruno Reidal. Só que, em comum nestas críticas, há um ponto. Todos ficaram chocados com o final da obra. Quer um motivo melhor para assistir ao filme?
Sinopse: Em 1905, na floresta ao redor de Cantal, na França, o jovem seminarista Bruno Reidal mata um garoto e, imediatamente, entrega-se às autoridades. Na prisão, durante as semanas de interrogatório, ele depõe a uma comissão de três médicos que tentam compreender seus impulsos letais. Bruno, então, começa a reconstituir o passado escrevendo sua história de vida, enquanto os médicos tentam identificar eventos ou anomalias que justifiquem suas atrocidades.
Exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes.
Compartment nº6, de Juho Kuosmanen
O tão aguardado Compartimento Nº6 marca o retorno do cineasta finlandês Juho Kuosmanen, seis anos após a realização do filme O Dia Mais Feliz na Vida de Olli Maki, vencedor do prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes 2016. E Juho é tão querido pelo festival francês que esse ano já arrematou o Grande Prêmio do Júri com esse filme aqui, que você pode conferir na Mostra.
Sinopse: Uma jovem finlandesa foge de um enigmático caso amoroso em Moscou ao embarcar em um trem para o porto de Murmansk. Ela acaba forçada a compartilhar a longa viagem e um minúsculo vagão-dormitório com um minerador russo. Esse encontro inesperado leva os ocupantes do compartimento nº 6 a enfrentar a verdade sobre seus próprios desejos.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes.
After Blue, de Bertrand Mandico
O diretor Bertrand Mandico é um cineasta singular, e que você precisa acompanhar. Depois de emplacar curtas que fizeram muito sucesso em sua terra natal, a França, Mandico verteu para o longa metragem. Seu primeiro longa, Os Garotos Selvagens, lhe rendeu nada mais, nada menos, do que o 1º lugar no ranking anual da renomada revista Cahiers du Cinema. After Blue é seu segundo longa, e a expectativa é imensa.
Sinopse: Em um futuro distante, num planeta selvagem e indômito, Roxy, uma adolescente solitária, liberta uma assassina das areias onde estava enterrada. Porém, assim que se vê livre, ela passa a espalhar a morte por todos os lados. Roxy e Zora, sua mãe, são consideradas responsáveis por isso e banidas da comunidade em que vivem. Forçadas a capturar a criminosa, as duas iniciam uma longa jornada, percorrendo territórios sobrenaturais desse paraíso imundo.
Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Locarno. Também foi exibido no Festival de Toronto.
Febre de Petrov, de Kirill Serebrennikov. O cinema russo tem marcado presença nos principais festivais internacionais com dois nomes, principalmente: Aleksandr Sokurov e Kirill Serebrennikov. Na Mostra de São Paulo você pode conferir o trabalho mais recente de Kirill, A Febre de Petrov. Promessa de filmão.
Sinopse: Com a cidade sofrendo de uma epidemia de gripe, Petrov e sua família lutam por mais um dia em um país onde o passado nunca é passado e o presente é um sonho impetuoso de violência e ternura movido a álcool. Gripado e febril, Petrov é arrastado por seu amigo Igor em uma longa caminhada, em que realidade e fantasia se misturam, nessa narrativa delirante e lacônica pela Rússia pós-soviética. Baseado no romance Petrovs in and Around the Flu, de Alexey Salnikov.
Vencedor do Prêmio Vulcain de melhor artista técnico (para o diretor de fotografia Vladislav Opelyants) do Festival de Cannes.
Truque da galinha, de Omar El Zohairy
Filme onde um homem vira uma galinha. Já me convenceu. Mas o filme também venceu uma das principais mostras paralelas do Festival de Cannes, a Semana da Crítica. Partiu.
Sinopse: Quando um truque de mágica dá errado na festa de aniversário de uma criança, o autoritário pai da família se transforma em uma galinha. Uma avalanche de coincidências absurdas recai sobre todos. A mãe, cuja vida foi dedicada ao marido e aos filhos, precisa tomar as rédeas e cuidar de tudo. Enquanto move céu e terra para trazer o marido de volta e garantir sua sobrevivência, ela passa por uma transformação total.
Vencedor do Grande Prêmio da Semana da Crítica do Festival de Cannes.
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