Os musicais têm um grande diferencial em comparação aos demais gêneros: de antemão, já esperamos por algo fora da lógica da realidade, com personagens que, do nada, se desembestam a cantarolar e a dançar. Essa característica torna os musicais um gênero por excelência para a experimentação, dando enorme liberdade para a criatividade e a imaginação, já que não esperamos, ao ver um musical, um compromisso tão estrito com a representação do real.
Contudo, nos habituamos a ver o gênero musical como trabalhado por Hollywood – extremamente engessado no plano estético e conceitual, trabalhando à exaustão as mesmas temáticas narrativas. Enfim, o musical pasteurizado e repetitivo, industrializado.
A ideia deste post é exatamente apresentar uma outra dimensão do gênero musical, que mantém a energia poderosa dos números musicais, mas apostam em uma revolução formal e narrativa do gênero. O resultado são obras de arte extremamente criativas, cheias de vida e cheias de amor pelo próprio ato de fazer cinema. Obras que, tenho certeza, irão lhe encantar, assim como me encantaram.
Vamos a lista:
A Estação Do Diabo
Direção: Lav Diaz
Os horrores da ditadura filipina são o tema central das obras de Lav Diaz. Este é um musical de quase 4 horas sobre o desaparecimento de uma jovem médica e a busca incansável de seu marido poeta. Belo, triste e impactante.
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Technoboss (2019)
Direção: João Nicolau
Adoro os filmes do João Nicolau. E foi através desse filme que o conheci. Technoboss é uma linda (e esquisita) comédia romântica, que transita entre o real, o absurdo e o surreal com o bom-humor característico do diretor.
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Sinfonia da Necrópole (2014)
Direção: Juliana Rojas
A história de um "aprendiz" de coveiro idealista, que tem suas crenças desafiadas pelas novas diretrizes do cemitério e pela mulher que ama. Sobre descobrir quem somos e lutar pelo que acreditamos. Divertido e muito fofo.
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Hedwig and the Angy Inch (2001)
Direção: John Cameron Mitchell
Acompanhamos os principais eventos na vida de Hedwig através de suas incríveis canções, que criam um universo mágico para falar sobre transsexualidade, amores perdidos e desilusões. Uma obra poética e melancólica.
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The Lure (2015)
Direção: Agnieszka Smoczynska
Um musical polonês de horror com duas irmãs sereias adolescentes que estão despertando para a sexualidade e para o primeiro amor, enquanto "trabalham" em apresentações noturnas num cabaré. Tá bom ou quer mais?
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The Happiness of the Katakuris (2001)
Direção: Takashi Miike
Imaginem um Karaokê. Agora imaginem que, ao invés de cantar nesse Karaokê, assistíssemos a um filme nesse Karaokê? Dificil de imaginar, né? Pois essa é a missão ingrata de quem tenta definir esse filme aqui. Bizarro. Eu amei.
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