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Foto do escritorJoão Marcos Albuquerque

Breve Panorama do Cinema Mexicano Contemporâneo

Atualizado: 6 de out. de 2022

Os últimos filmes contemporâneos mexicanos que assisti, além de serem excelentes, gravitam em torno de um ponto comum: uma espécie de violência fatal, sem chance de redenção ou escapatória, perpetrada pelos cartéis ou por agentes do Estado (polícia, exército, etc).


No chocante filme “Nueva Orden”, um movimento de ruptura social se coloca em movimento, de forma abrupta e extremamente violenta contra os ricos. O México entra em colapso. Com o desdobrar dos acontecimentos de potencial revolucionário, à principio de origem popular, acompanhamos como as forças estatais, militares e econômicas se colocam na disputa pelo poder e pelo controle da situação, alterando drasticamente os rumos da rebelião.


Em “Sin señas particulares”, acompanhamos o desespero de uma mãe em busca de seu filho, que foi dado como desaparecido após uma tentativa de atravessar a fronteira para os Estados Unidos. Contudo - e aqui vem a originalidade da história - o filho não desaparece no atravessar da fronteira, mas antes mesmo, ainda em território mexicano. Descobrimos como os cartéis atuam nestas regiões fronteiriças, que são de extrema importância estratégica para a manutenção do poder. Apesar de ser um tema já “batido”, eu desconhecia o tipo de atuação do cartel que é apresentada no filme. Fui surpreendido. Um filme impactante e, como percebido no cinema contemporâneo mexicano, sem saída.


Já o filme “Sanctorum” promove uma interligação de temas bastante curiosa: escatologia, forças ancestrais, povos originários, cartel e forças armadas. O filme se passa em uma vila que está no meio do conflito entre o cartel e os militares. Um povo oprimido tanto pelo Estado quanto pelos narcotraficantes, e que busca em suas tradições milenares a força para resistir.


Através de um panorama destes três filmes, é possível especular sobre um novo movimento cinematográfico mexicano, onde não há saída para a violência que não resulte na morte e no luto, onde o oprimido será inevitavelmente esmagado, onde a divisa entre o Estado e o crime se mostra como é: ilusória. Dá para sentir o ódio que pulsa no subterrâneo destes filmes, um sentimento de revolta que parece crescer em consonância com a opressão.


Dá para sentir o ódio que pulsa no subterrâneo destes filmes, um sentimento de revolta que parece crescer em consonância com a opressão, e cujo estopim pode levar a um movimento de subversão radical ou a uma paralisação depressiva. O Cinema mexicano parece indicar, quando não em sua literalidade, em suas entrelinhas, que algo está para acontecer quanto à manutenção do status quo político, econômico e social do país. Eu aposto na libertação, sempre. Afinal, o zapatismo continua firme e forte até hoje no México, através do Exército Zapatista de Libertação Nacional.


Nova Ordem

Direção e Roteiro: Michel Franco

México e França - 2020 - 1h 26min


Avaliação: 4,5/5







Sanctorum

Direção e Roteiro: Joshua Gil

México, República Dominicana e Catar - 2019 - 1h 23min


Avaliação:

3/5







Sin Señas Particulares

Direção: Fernanda Valadez

Roteiro: Astrid Rondero e Fernanda Valadez

México e Espanha - 2020 - 1h35min


Avaliação:

4/5

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