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Foto do escritorJoão Marcos Albuquerque

O que é o Cinema Extremo Francês?

Em 2004, o crítico James Quandt identificou certas características em comum a um determinado grupo de filmes franceses, e cunhou o termo “New French Extremity (Cinema Extremo Francês)” para dar conta desse grupo de filmes. Em comum às obras, o uso de violência extrema, desafiando os limites do que é considerado socialmente aceitável no cinema. 


Segundo o crítico, estes filmes articulam elementos do Horror e do Exploitation com  uma estética mais vinculada ao “Cinema de Arte”. Quandt parece não enxergar valor nos filmes para além da violência apelativa. Entre os cineastas destacados por Quandt estão: Gaspar Noé, Bruno Dumont, Catherine Breillat, Claire Denis, entre outros.


Fato é que os filmes desvalorizados por Quandt não pararam de gerar polêmica desde seus lançamentos. Com o passar do tempo, muitos filmes adquiriram o status de cult, ou seja, passaram a ser cultuados por grupos de cinéfilos e críticos. É sobre as características e valências deste cinema que vamos nos deter a seguir.


Os filmes do Cinema Extremo Francês buscam traçar relações entre sexualidade e violência, morte e erotismo. É um cinema com fortes implicações éticas, psicanalíticas e filosóficas. Um cinema da vulnerabilidade do corpo humano diante do poder dos desejos, com uma abordagem crua de temas controversos, do tabu à transgressão. Vamos aos principais filmes:


Twentynine Palms, de Bruno Dumont Acompanhamos um casal de turistas percorrendo paisagens desérticas nos EUA. O filme aborda a relação íntima do casal de forma expositiva, nos tornando íntimos também de suas condutas sexuais. Essa intimidade é de extrema importância para assimilarmos o impacto estrondoso do ato final, onde o choque vem atrelado à quebra das expectativas narrativas e de gênero.


Irreversível, de Gaspar Noé Talvez o filme mais famoso do Cinema Extremo Francês. Acompanhamos os desdobramentos chocantes em um único dia na vida dos três protagonistas. A forma crua com que Gaspar Noé filma a violência instiga polêmicas até hoje, despertando amor e ódio na comunidade cinéfila.


À Ma Soeur!, de Catherine Breillat

Acompanhamos as férias de duas irmãs adolescentes, onde as descobertas sexuais ganham um rumo macabro. Catherine Breillat consegue materializar, com maestria, a relação de poder desigual entre os gêneros, concluindo seu filme com um dos encerramentos mais controversos da história do cinema recente.


Desejo e Obsessão, de Claire Denis Talvez o filme mais cultuado do Cinema Extremo Francês, com uma legião de fãs apaixonados pela obra. Um Body Horror sobre a fragilidade do corpo perante as forças incontroláveis que nos habitam. Qualquer palavra a mais para descrever este filme me fará ser bloqueado pelo Instagram.


O Cinema Extremo Francês Hoje: “Titane” e “Grave”, ambos de Julia Ducournau, e “Vingança”, de Coralie Fargeat, são três filmes recentes com grande repercussão internacional e que costumam ser caracterizados ou como herdeiros do Cinema Extremo Francês, ou como filmes que mantém viva a tendência. Outros filmes de destaque são “Mártires”, de Pascal Lagier, “A Invasora”, de Bustillo e Maury, e "Baise-moi" de Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi.

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