Cinema nacional é resistência.
2021 foi um ano catastrófico para o audiovisual brasileiro: incêndio da cinemateca de São Paulo, “orçamento” minúsculo para a cultura, falta de apoio aos artistas durante a pandemia, tentativa de censura ao filme Marighella etc. Mas o cinema brasileiro luta. E encanta.
Selecionei aqui meus filmes favoritos de 2021. São filmes que foram lançados em festivais, cinemas, streamings e/ou Vod em 2021.
Vamos lá:
10º
Madalena
Direção: Madiano Marcheti
Opinião: A delicadeza para abordar um tema terrível demonstra a maestria da direção.
9º
Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente
Direção: Cesar Cabral
Opinião: Vencedor do Festival de Annecy. Inteligente e espirituoso como os quadrinhos do Angeli.
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8º
Carro Rei
Direção: Renata Pinheiro e Sergio Oliveira
Opinião: Vencedor do Festival de Gramado 2021, Carro Rei é uma fábula bem pirada sobre o Brasil atual - abordando populismo e ascenção da extrema-direita. Um filme criativo e original - vide o carro transante, que veio antes de Titane!
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7º
Casa de Antiguidades
Direção: João Paulo Miranda Maria
Opinião: Uma história brutal de um homem negro que se vê isolado e ameaçado numa comunidade do sul do Brasil. Racismo, solidão e ancestralidade são os temas chaves da obra, que tem um final arrasador.
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6º
A Última Floresta
Direção: Luiz Bolognesi
Opinião: Intercalando de forma esplendorosa o sobrenatural com o real, o filme é auspicioso em conjugar a cosmogonia dos Yanomami com suas lutas de resistência ao garimpo e à proteção de suas terras.
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5º
Deserto Particular
Direção: Aly Muritiba
Opinião: Se a Isabela Boscov falou que o filme é "lindoooo", quem sou eu para discordar, né? Deserto Particular foi o filme selecionado para representar o Brasil no Oscar 2022. Um filme sobre identidade, libertação e amor - pelo próximo e por si mesmo.
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4º
Vento Seco
Direção: Daniel Nolasco
Opinião: Pega muito tesão, mistura com muito neon, e o resultado final é este filmaço despudorado e subversivo sobre desejo e homoerotismo. Lembra o melhor do diretor francês Alain Guiraudie.
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3º
A Febre
Direção: Maya Da-Rin
Opinião: De onde vem a febre do nosso protagonista, um indígena que saiu de sua aldeia para trabalhar na zona urbana de Manaus? A Febre é um filme misterioso e austero, que rendeu ao indígena Regis Myrupu o prêmio de melhor ator no festival de Locarno. Imperdível.
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2º
O Empregado e o Patrão
Direção: Manolo Nieto
Opinião: Essa co-produção entre Brasil, Argentina, Uruguai e França foi uma das grandes surpresas que tive no ano. Um filme poderoso sobre as relações de classe na fronteira entre Brasil e Uruguai. Prepara o coraçãozinho, porque ele vai trabalhar.
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1º
Ana. Sem Título.
Direção: Lucia Murat
Opinião: Engenhoso e engajado, este filme é uma pérola do cinema nacional. Sobre as dit4dur4s latinas e a luta de mulheres artistas contra os regimes de 0pressã0. Um filme essencial para revisitarmos nosso passado, para assim repensarmos nosso presente.
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