Faya Dayi é um documentário bem diferente dos documentários tradicionais. Em um estilo similar ao de “Honeyland”, é mais poesia do que registro, mas é também um manifesto, uma demonstração da resistência e da opressão sofrida pelo povo Oromo, na Etiópia.
Com uma fotografia lindíssima em preto e branco, e com uma montagem que remete ao domínio do onírico, o filme aborda, através de algumas personagens que conduzem a narrativa, a condição dos Oromos, o maior grupo étnico da Etiópia, mas também um dos mais perseguidos pelo Estado e pelas forças predatórias do capitalismo no continente africano.
Não tendo perspectiva de futuro a não ser trabalhar em plantações de khat, perseguidos pelo Estado por conta de sua religião, os Oromos buscam imigrar à Europa para sobreviverem. O filme é de apertar o peito, mostrando o peso da saudade nos que foram e nos que ficam; como os adultos se tornam viciados no khat, que é fonte de subsistência mas que, ao ser mastigado, transforma suas condutas; os que lutam pela resistência do povo Oromo, uma luta que atravessa gerações; e mais – não vou dar spoiler.
Um filme sensível, com falas de impacto e imagens de profunda beleza, atravessado por uma perspectiva sociológica e uma preocupação humanitária.
Faya Dayi
Direção e Roteiro: Jessica Beshir
Etiópia - EUA - Catar - 2021 - 2h
Avaliação:
4,5/5
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