Todo mundo quer transar com (quase) todo mundo nos filmes do Guiraudie. Aqui é assim mais uma vez. Sem preconceitos de idade ou de gênero ou de qualquer outro tipo. Eu acho isso bonito.
Surrealista, o filme faz comédia com pequenos absurdos que vão criando um tom a fantasioso, até se assumir de vez como uma comédia do absurdo.
Personagens em nada maniqueístas, já que podem demonstrar um coração infinito e ao mesmo tempo uma perversidade sinistra. Aliás, outra característica dos filmes do Guiraudie: essa imbricação do cômico num absurdo surreal e deveras perverso, em personagens complexos que mostram ternura e malignidade na mesma medida - os dois espectros nos quais escoa o desejo.
E há cenas de muita beleza, quando as discussões acerca da moralidade saem do consensual e tornam-se discussões éticas, dando brecha para discussões acerca do amor e até mesmo do fim da humanidade, em meio ao que, em circunstâncias moralistas, seria considerado apenas insólito. Guiraudie abre brechas no insólito.
Comentarios