É um filmão. Mas é difícil indicar “O Discípulo”. A mensagem que ele passa me preocupa bastante, ao mesmo tempo que me acalenta.
Me preocupa como criador, como aspirante a artista. Me preocupa por apresentar uma possibilidade que considero assustadora, e que, creio eu, assusta a todos que almejam viver da arte ou de algum talento que acreditam possuir. Neste sentido, digamos, não é um filme otimista.
Por outro lado, o filme me abraçou, com uma ternura especial. Ao explorar o amadurecer e desenvolvimento do protagonista, mostra que a vida é muito mais do que desejamos ou planejamos para ela. Que a vida sempre escapa ao nosso controle, e que, ao escapar, vai nos frustrar. Saber lidar com este fato seja, talvez, a maior prova de que amadurecemos, de que estamos aprendendo a viver. Afinal, como disse Ibsen - “Viver é uma arte”.
Como criador, me pergunto, obsessivamente, se constituir uma família – ter filhos – irá me distanciar dos caminhos que sonho em trilhar. Se ter filhos irá dificultar a realização destes sonhos. O filme conversa em especial com quem se faz perguntas parecidas. E, como já mencionei acima, suas respostas têm força suficiente para preocupar e acalentar.
O Discípulo conta a história de um jovem que dedica todo seu tempo ao estudo e prática da música clássica indiana, almejando tornar-se um grande músico. Acompanhamos o desenvolvimento, ao longo dos anos, do jovem discípulo, e as decisões que ele precisa tomar em sua jornada.
Cuidado, pois o filme tem demasiada força para partir seu coração.
O Discípulo
Direção e Roteiro: Chaitanya Tamhane
Índia - 2020 - 2h 9min
Avaliação:
4,5/5
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