Não se deixem enganar pela premissa, nem pela resenha oficial. Este não é mais um filme sobre o fim do mundo. É uma das grandes ficções científicas dos últimos três anos, rico em sentido e sentimento.
In My Room é sobre um homem que vê seu mundo desaparecer após a perda de um ente querido. Por mundo, entendemos tudo aquilo que dá sentido ao nosso viver - a forma com que lemos o mundo e conduzimos nossas vidas: nossa cosmologia.
E o que acontece quando perdemos nosso mundo? Quando uma morte é sentida de forma tão intensa que, abruptamente, nos vemos perdidos no desconhecido, mesmo estando rodeados por tudo aquilo que sempre nos rodeou?
A morte, e o luto que a acompanha, é um evento paradigmático. Não somos os mesmos depois de perder alguém especial. Nosso mundo, por assim dizer, entra em estado de ruptura. Nos encontramos despedaçados, e tudo aquilo que, inquestionavelmente, fazia sentido, entra em estado de suspensão. Nos encontramos diante do vazio da ausência. Nos sentimos sós.
Cada um sofre o luto da sua forma. Mas, independente da forma com que você enluta, é preciso se reconstruir, catar seus pedaços, se remontar, e, porque não, se recriar, para assim seguir adiante. Independente da sua forma de sentir a perda, se faz necessário reconstruir seu mundo, agora despedaçado. Alguns pedaços nós perdemos para sempre, mas a questão é: o que fazemos com os pedaços que restaram? E como criamos novos pedaços de nós mesmos?
In My Room
Direção e Roteiro: Ulrich Köhler
Alemanha e Itália - 2018 - 1h 59min
Avaliação:
3,5/5
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