Um mês dedicado ao estudo do cinema de Béla Tarr, tema da 4ª edição do cineclube. Revisitei obras do cineasta húngaro que me assombram desde a 1ª vez que as assisti, e a visita foi encantadora. Pude ler a obra do filósofo Jacques Rancière, acerca da obra de Béla Tarr, e a leitura foi tão desafiadora quanto deliciosa (o livro se chama “Béla Tarr: o tempo do depois”). Ressalto que escolhi apenas um filme do Béla Tarr para o post, pois prezo pela diversidade de estilos.
Em março visitei, também, alguns grandes nomes do cinema ocidental moderno, como Bresson e Antonioni. Dei uma passada pelo cinema noir de Hitchcock e Lang. Assisti um filme de terror recém-lançado (sim, sou fã do gênero) e adorei. Assisti ao novo filme da Nina Menkes, que é de cair o queixo.
É, foi um bom mês.
Compartilho com vocês minha singela lista com os meus filmes preferidos assistidos em março. Vamos a lista:

The Outwaters, de Robbie Banfitch
Um dos melhores filmes de terror lançados recentemente, devido a sua proposta experimental ousada e, a meu ver, acertadíssima - ao contrário de Skinamarink, que falhou. Uma viagem aterrorizante pelos labirintos do inferno. Indicado apenas para os fãs do gênero.

Werckmeister Harmóniak, de Béla Tarr
Béla Tarr é um dos cineastas mais poderosos do cinema contemporâneo quando se trata da criação de mundos sensíveis. Sabemos de cara quando estamos diante de uma obra do Tarr. E aqui, estamos diante de uma obra-prima.

Aphotic Zone, de Emilija Škarnulytė
Há um tempo que venho estudando a relação entre o cinema e o antropoceno. Aphotic Zone cai como uma luva para aqueles que se interessam pelo tema. É um filme experimental, com imagens tão belas quanto misteriosas, assim como o fundo do oceano. Que viagem.

Um Condenado à Morte Escapou, de Robert Bresson
Filmaço de Bresson sobre a fuga de um presídio nazista na França ocupada, focado na humanidade dos presos e nos planos engenhosos do protagonista para escapar. A câmera estática eleva o senso de inércia e enclausuramento, em contraposição ao espírito livre do protagonista, que não perde a esperança por dias melhores.

Brainwashed, de Nina Menkes
Documentário avassalador da cineasta feminista Nina Menkes. Ao traçar um panorama da história do cinema, mostrando o que as imagens nos dizem em termos de machismo e voyeurismo, Nina Menkes transforma a nossa forma de pensar e assistir cinema. Obrigatório.
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